O leitor/escritor brasileiro odeia ler/escrever sobre o Brasil?

Falar sobre a preferência do leitor brasileiro é algo muito, mas muito complexo.

Faz tempo que empurro a ideia de escrever algo sobre e hoje o meu amigo Jadiael colocou a bola em jogo e eu decidi chutar pro gol. E eis a pergunta bem ao estilo de Tostines (comercial antigo de TV). O leitor BR não lê BR por que é ruim ou é ruim por que é no Brasil?

Segundo Jadiael “Quando a história pede para ser ambientada no exterior, não vejo problema. Leio achando bom. Mas quando não tem necessidade, perco a empolgação. Sei lá, não me convence. Depois o autor reclama da desvalorização da cultura brasileira por parte dos leitores, sendo que o próprio usa a literatura nacional para exaltar a cultura estrangeira. O leitor tem razão, ué. Já que é pra ler um livro repleto de estrangeirismo, que seja um escrito por alguém de lá.” Link no final do post.

Minha amiga Elisa Edgar fez um post bastante interessante e divertido sobre isso, clique aqui parar abrir. ou veja abaixo

Agora senta aí que lá vêm a história.

Não é difícil achar em qualquer grupo de leitores alguém revoltado com os livros obrigatórios nas escolas. Antiquados e complicados segundo eles.

Esse assunto tem desencadeado discussões acaloradas. Inclusive com a polêmica declaração de Felipe Neto que, livros clássicos não são para adolescentes. E eu acho melhor deixar essa reflexão em espera para o que vêm a seguir.

Com a popularização da Amazon “fanfics”, todos os dias dezenas de livros escritos por brasileiros com ambientação fora do Brasil pipocam na plataforma. E eu vou ficar em cima do mudo e tentar resumidamente defender ambos os lados, de quem tem a opção de ler histórias ambientadas no Brasil ou não.

Então vamos por partes, como diria Jack. Cada um tem a liberdade de seguir o caminho que escolher, tanto o autor quanto o leitor. Esse texto é uma breve exposição do que leio pelas redes sociais afora.

Para quem é favorável aos livros BR com ambientação estrangeira.

Antes de falar o que leva o escritor a seguir essa opção, é que o leitor BR odeia que os próprios autores divulguem seus livros nas redes sociais. O que percebi é que os leitores acham que se o autor está pedindo, implorando pela leitura de seu romance, automaticamente o livro é ruim. Como se o escritor estivesse mendigando. É uma sensação horrível e devastadora pois o mesmo tratamento não acontece com os escritores estrangeiros que são endeusados, idolatrados.

Agora vamos a outra parte.

Como meu amigo disse acima, qual seria o real propósito de escrever um romance clichê água com açúcar fanfic ambientado fora do Brasil, sendo que poderia muito bem passar em qualquer lugar no Brasil e que é uma história exatamente igual as outras quinhentas que existem lá fora? Simplesmente porque sim!

A principal desvantagem desse tipo de texto, salvo caso o autor viaje muito, é que por mais que a imaginação seja muito fértil; nunca poderá descrever Nova Iorque, por exemplo, como a cidade realmente é. Então, tudo depende de muita, mas muita pesquisa caso queira ser mais realista. É bem provável que o texto fique infantil demais e que tudo vire uma cópia do que já foi escrito pelo menos dezenas de vezes antes; – como After e 50 tons aos montes, mudando somente o nome dos personagens.

A desvantagem disso é que o livro tem que ser muito top para ser reconhecido até mesmo aqui, já que a concorrência com os originais estrangeiros é tremenda. Afinal se está escrito errado que existe uma casa do padre no Soho e isso não existe, (será que existe?) o gringo irá jogar o livro BR fake fora.

Algumas vezes alguns escritores usam um pseudônimo com letras tipo J.K Rowling para diblar o preconceito e pescar mais leitores que tem alergia a livros nacionais, e aí que entra a outra parte. Uma parcela de leitores não gosta de histórias ambientadas no Brasil, e as justificativas são as mais variadas, desde que brasileiro não sabe escrever (como se não existisse livro ruim gringo), ou até querer fugir da realidade do país.

Agora é a vez de quem escreve de brasileiro para brasileiro.

Ao contrário da opção anterior a ambientação é mais fácil de acertar assim como todo o resto, como a colocação da regionalidade e tudo o mais.

Porém a desvantagem é que terá que superar uma barreira enorme do preconceito do próprio brasileiro.

Como prova disso basta vasculhar os grupos e perceber que por baixo 70% das indicações são por autores estrangeiros. E caso exista alguma indicação nacional o autor é mega consagrado e raramente um “novato” consegue novos leitores.

E aí vem a pergunta de um milhão. O brasileiro oferece livros gringos BR valorizando a estrangeira por comodismo ou oferta de mercado/público?

Aí é você quem responde.

Quantas vezes você deixou de ler um livro quando soube que era de um escritor brasileiro?

Agora é a minha declaração pessoal do artigo.

Sempre fui uma rata de biblioteca. Hoje os leitores buscam metas de quantos livros leem por ano. Nos anos 80 a minha meta era ler uma fileira de livros que eu pegava de graça na biblioteca.

A minha melhor recordação foi ler toda a coleção de livros de Sherlock Holmes em uma edição em capa dura marrom de bolso. Nunca mais encontrei. Ainda acho em um sebo e compro.

Eu lia tudo, sem indicação e sem ler a sinopse. Pegava, lia, curtia (ou não) e seguia para o próximo livro. Sem medo de me decepcionar com a história. Sem pedir referência. Lia por que eu gostava.

O que eu vejo hoje são leitores que não arriscam. Não se jogam na leitura, mesmo tendo a facilidade que eu não tinha na época. Hoje é tudo mais fácil com os pdfs piratas e livros grátis.

O que eu vejo são leitores que compram um kindle a 400 reais e reclamam de um livro BR por 1,99 ou até de graça. Mas compram um livro da moda por 70. Ou até coleções caríssimas que beiram aos dois dígitos.

E qual é a sua opinião?

Gente, não foi eu que postei não. Como é que apaga?! 🏃

Publicado por Jadiael Viana em Sexta-feira, 7 de maio de 2021

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