Um bom livro precisa ser difícil de ler?

Não é de hoje que leio nas redes sociais leitores questionando o quanto os livros de Harry Potter têm um texto simples. E fica a dúvida, uma boa história precisa ter um texto “difícil”?

Eu sempre aproveito a oportunidade de fazer artigos baseado em tópicos que pipocam nas redes sociais, e a aplicação de “texto simples” para classificar algumas obras hoje em dia tem uma conotação pejorativa que anda na contramão sobre a qualidade e desenvolvimento do enredo apresentado. Para tentar explicar isso, talvez seja necessário voltar um pouco no tempo e entender o que aprendemos na escola.  

Um dos maiores mitos da literatura, e dos leitores, é como qualificar uma obra, se ela é boa ou não.

Bem, não sei quanto aos outros países, mas por experiência, os livros que me “obrigaram” a ler na escola deveriam ser apresentados em conjunto ao valor histórico; – atrelado ao momento da escrita, tornando claro, uma experiência muito mais imersiva e interessante e não apenas um poço de palavras difíceis e termos incompreensíveis para uma adolescente.

Discussões a parte. Devido a isso tem-se a impressão de que “todo livro bom é livro difícil”, e de fato não é bem assim.

Uma história pode ser muito complexa e ter uma “linguagem simples”, principalmente se a intenção é alcançar todos os tipos de público, incluindo os mais jovens.

Muitos autores consagrados tinham “texto simples” em sua época e eram considerados populares e o sucesso para alguns vieram somente depois da morte e hoje suas obras são marcos da literatura mundial. Deixo por sua conta uma pesquisa na internet atrás de seu autor preferido.

Porém, a simplicidade na escrita não deve de forma alguma ser confundida com “banalidade ortográfica”.

Uma excelente história “nasce” da imaginação de qualquer pessoa. Seja ela formada em letras ou não. Contudo uma péssima ortografia faz com que alguns leitores desistam do livro. Então, para isso é fundamental que haja uma excelente revisão, se possível por mais de três profissionais, além da betagem. (*)

Ser um gênio da literatura requer muito mais do que um emaranhado de palavras complicadas, notas de rodapé e imitação dos clássicos. Todo livro deve nascer pela história que é contada e todo isso deve partir principalmente do coração do autor.

Lembre-se “ser simples” não é o mesmo que “ser ruim”

Alguns autores recorrerem aos ghostwriter (ou escritor fantasma), para escrever uma obra, seja livro, música, roteiro e muito mais.

Eu tinha uma visão muito simplista de todo o processo do nascimento de um livro, – percebi que vai muito além da revisão do português. Tem a correção narrativa, desenvolvimento dos personagens, intensão, composição das cenas e finalização. São tantas etapas que acrescento que é praticamente impossível (a não ser que o escritor seja um amado gênio por português), que o livro fique perfeito somente com uma “simples” revisão. E vou além, exigir isso do autor é realmente podar o que temos de melhor, a imaginação e a capacidade do ser humano de criar histórias.

Então se você quer escrever um livro, solte a sua imaginação. Leia muito, procure fontes que lhe agrada e seja feliz. Mas antes de jogar o seu livro para o mundo, procure um profissional que poderá lhe ajudar com a correção e a betagem.

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